Por eu morar há tanto tempo em Viena, muitos me perguntam se a cidade é realmente tão segura assim. Nestas décadas de baladas e porres, de passeios e buscas, às 22 ou às 5 da manhã, a cena mais perigosa que participei foi a seguinte:
Eu e uma amiga voltando de alguma ótima festa, atravessamos um parque escuro sem nem se preocupar com o medo. Eis que se descobre por detrás das árvores o vulto de um homem enorme com uma capa preta que vem direto na nossa direção. Despencamos do alto da nossa conversa animada para mirar em profundas olheiras enigmáticas. Na hora nem foi preciso falar o que as duas pensavam unísono: Fudeu! Ao redor só as árvores e a noite como testemunhas. A capa preta já ocupando todo o nosso campo de visão, uma voz triste e doce ecoou.
– Por favor, uma das duas senhoritas teriam a gentileza de bater uma punheta para mim?
A resposta saída de bocas trêmulas foi um seco não. Ele se desculpou do incômodo e se retirou, desejando-nos boa noite. Capa preta rodopiou e obedecendo calada o corpo, sumiu com ele na escuridão.
Olhamos uma na cara da outra e berramos risadas.
So viel zum Thema. Por hoje é só.
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